'Eu morri também', disse diplomata que matou a mulher em Jardim Camburi
Jesús Figon, 64 anos, se apresentou na manhã desta quinta-feira (14), na Delegacia de Proteção à Mulher (DHPM), em Vitória. Ele confessou ter matado a esposa com cinco facadas na madrugada de terça-feira
O diplomata espanhol Jesús Figon, 64 anos, se apresentou na manhã desta quinta-feira (14), na Delegacia de Proteção à Mulher (DHPM), em Vitória. Ele confessou ter matado a esposa com cinco facadas na madrugada de terça-feira (11), no apartamento do casal em Jardim Camburi.
"Foram 30 anos. Eu amava, amo e amarei a minha esposa. Foi tudo em minha vida. E apenas, de fato, tive que defender minha vida. Não posso dizer nada. Foi a melhor e mais maravilhosa. Ela morreu e eu morri também", disse.
Figón, que é Conselheiro de Interior da Embaixada da Espanha no Brasil, foi intimado a prestar depoimento ao delegado Adroaldo Lopes, mas não ficará preso. Em rápida aparição para a imprensa, na presença do advogado Walter Gomes Ferreira Júnior, o espanhol lamentou o ocorrido com a esposa Rosemary Justino Lopes, 56 anos, com quem foi casado durante 30, e afirmou amá-la.
A imunidade diplomática de Jesús Figón foi suspensa pelo Governo Espanhol nesta quarta-feira. Com isso, o espanhol passa a ser investigado pela Polícia Civil do Espírito Santo e, caso seja comprovado autoria da morte, poderá ser processado penalmente no Brasil. A prisão preventiva do diplomata pedida por Adroaldo Lopes foi negada durante a madrugada desta quinta-feira, assim como a cassação do passaporte. Mas, segundo o delegado, ele colabora espontaneamente com as investigações.
"Nós fizemos uma representação ontem (quarta) pela prisão dele baseado em requisitos bem amplos e genéricos. Nós não vislumbrávamos a necessidade dessa prisão, fizemos em sã consciência. Chegamos a temer que ele fugisse, mas vejo que não é o caso. Com a falta dos requisitos, o juiz negou a prisão. Ele está se colocando à disposição, disse que entrega o passaporte na hora que a Justiça precisar e se comprometeu a comparecer em todos os atos do inquérito e, posteriormente, do processo", disse.Adroaldo afirmou que, com o depoimento, serão oficializadas todas as informações passadas por Jesus Figón enquanto mantinha a imunidade diplomática. A morte ocorreu na madrugada de terça-feira, e ele se apresentou à polícia por volta das 6h30. Adroaldo Lopes afirma que apenas a Justiça, no decorrer do processo, poderá dizer se o diplomata realmente agiu em legítima defesa, mas fez observações sobre a morte de Rosemary. "Eu entendo que uma pessoa experiente como ele, que trabalha na área de segurança, que foi treinado a vida inteira para combater a criminalidade e violência, poderia ter usado de outros meios para evitar a justa agressão que ele afirma ter sofrido. Vejo também que a lei determina, para o uso da legítima defesa, que use moderadamente dos meios necessários. Entendo que o número de golpes que ele aplicou não são moderados para o tipo de agressão", afirmou.
Adroaldo afirmou ainda que não há indícios de que o motivo do ocorrido tenha sido realmente uma traição.
Sob alegação de estar sendo ameaçado por um irmão de Rosemary, Jesus Fígon manifestou a vontade de deixar o Estado. Ele deve ficar em Brasília, onde tem uma residência, e informar o endereço de destino para a polícia.