A visita do emissário italiano que resultou na proibição da imigração subsidiada ao ES

Ouça detalhes na participação do comentarista Cilmar Franceschetto

Publicado em 20/11/2024 às 11h52
Acervo imigrantes italianos
Alunos do colégio Santa Teresa depois da visita do Coronel Marcondes, em 1915. Crédito: Acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Nesta edição do “Nostra Gente”, com o comentarista Cilmar Franceschetto, um dos destaques é a visita do emissário do governo italiano ao Espírito Santo e Minas Gerais, Arrigo De Zettiry em 1902, que produziu um relatório traduzido e publicado pelo Arquivo Público com o título: “Viagem às Colônias Italianas do Espírito Santo – Coleção Canaã, vol. 28.l”.

O Cônsul italiano em Vitória, Carlo Nagar, teceu em seu Relatório de 1895 duras críticas sobre a situação dos italianos no Espírito Santo, o que serviu de base para que a Itália proibisse a imigração subsidiada de seus súditos para o estado capixaba.

No mesmo sentido, sete anos depois, no dia 21 de janeiro de 1902, o jornalista e estudioso do fenômeno da emigração italiana, o italiano Arrigo De Zettiry, chegou em solo brasileiro. Foi contratado pelo chanceler, Ministro das Relações Exteriores, Giulio Prinetti para visitar os lugares mais significativos da imigração italiana no Brasil, nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais.

Ao mesmo tempo, foi atribuída uma tarefa parecida a Adolfo Rossi, mas focada no estado de São Paulo, de longe o que mais recebeu imigrantes italianos no Brasil. Rossi era escritor e jornalista renomado que se destacou por importantes investigações sobre as condições de vida da mão de obra agrícola em algumas áreas da Itália e dos emigrantes italianos em vários países no exterior.

Logo no início do século XX, causou grande agitação o linchamento do fazendeiro Francisco Augusto Almeida Prado, esquartejado pelos seus colonos e ainda mais o assassinato do cafeicultor Diogo Sales, irmão do Presidente da República Manuel Ferraz de Campos Sales, morto a tiros por um camponês vêneto, cujas jovens irmãs o fazendeiro dispensava atenções absolutamente indesejadas.

De Zettiry e Rossi, na qualidade de comissários itinerantes do Comissariado da Emigração, deveriam elaborar um relatório sobre suas inspeções. Com base nisso, posteriormente, o Ministério e o Comissariado deveriam decidir a conduta a ser tomada junto às autoridades brasileiras em relação às condições de vida de centenas de milhares de camponeses italianos espalhados pelo território da nação brasileira.

Em 26 de março de 1902, poucos meses após aquela viagem, o governo italiano emitiu uma emenda que ficaria conhecida como Decreto Prinetti, em homenagem do ministro, que era também presidente da Comissão sobre a Emigração. Ouça a conversa completa!