Câncer de mama mata mais mulheres negras no ES, indica pesquisa
Ouça entrevista com o professor da Ufes, Luís Carlos Lopes-Júnior, orientador do estudo

Ao longo deste ano de 2024, o câncer de mama deve continuar como o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres do Brasil. Essa constatação é do INCA, o Instituto Nacional do Câncer, que estima a ocorrência de 73.610 novos casos registrados no período de doze meses. E uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) traz um novo retrato preocupante da doença. No Espírito Santo, a mortalidade por câncer de mama é 60% maior entre as mulheres negras (pretas e pardas). É o que mostra uma pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da universidade que investigou a sobrevida global das mulheres diagnosticadas com a doença. Ao analisarem o contexto capixaba, os pesquisadores perceberam aumento crescente do número de casos entre os anos de 2000 e 2020. Quem traz detalhes é professor da Ufes, Luís Carlos Lopes-Júnior, orientador do estudo.
O perfil predominante das pacientes diagnosticadas com câncer de mama no ES inclui mulheres encaminhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com idade entre 41 e 60 anos, pardas, casadas, com ensino fundamental completo. Segundo a pesquisa, realizada pelo doutorando do PPGSC Raphael Pessanha, sob orientação do professor Luís Carlos Lopes-Júnior, a análise comprova que as desigualdades raciais dificultam o acesso a cuidados de saúde, o que pode incluir acesso tardio ao diagnóstico e a tratamentos adequados ou condições socioeconômicas que agravam a doença.
A pesquisa revela ainda que 82% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama possuem margem de sobrevida de ao menos cinco anos após o diagnóstico. Para Pessanha, esse número pode ser considerado um bom indicador de prognóstico, quando comparado a outras regiões do Brasil, mas também aponta a necessidade de continuar melhorando as condições de diagnóstico precoce e tratamento, especialmente para grupos de risco.
A análise de sobrevida é utilizada para avaliar a eficácia dos tratamentos e medir o impacto das políticas de saúde no quesito longevidade e qualidade de vida das pacientes. Esses estudos também podem revelar disparidades no tratamento e nos desfechos, permitindo que políticas sejam ajustadas para atender melhor às necessidades das pacientes. Até então, não havia estudos referentes à sobrevida das mulheres com câncer de mama no Espírito Santo.